Fonte: Blog Ponto de Ônibus
De acordo com entidade internacional, 10 mil ônibus elétricos trazem
mais benefícios que um milhão de carros com a mesma propulsão. Institutos
oficiais confirmam prejuízos à mobilidade por incentivos fiscais a carros
elétricos
Os carros elétricos são
realmente a solução para o meio ambiente? Dependendo do país, as dúvidas são
grandes e assim como em qualquer sistema, o transporte coletivo deve ganhar
preferência nos investimentos, mesmo se tratando de veículos que dependem de
eletricidade e dispensam os combustíveis fósseis para operar.
A conclusão é da organização
ambiental Greenpeace e é avalizada por diversos institutos internacionais de
pesquisa.
Segundo o especialista em
mobilidade urbana do Greenpeace, Daniel Moser, em entrevista ao jornal alemão
Die Welt, uma grande quantidade de carros elétricos para o transporte
individual também traz impactos negativos ao meio ambiente e à mobilidade
urbana.
O ideal é que os deslocamentos
em sistemas sobre pneus sejam feitos em ônibus elétricos ou com outras fontes
que não dependem exclusivamente dos combustíveis fósseis.
A preocupação do Greenpeace é
que a suposta emissão zero de poluentes se torne uma espécie de “álibi” para as
montadoras venderem carros com excessos de incentivo fiscal.
Além de uma quantidade muito
grande de carros elétricos não contribuir significativamente para o meio
ambiente, pode trazer efeitos negativos para o trânsito.
“10 mil ônibus elétricos rendem
tanto quanto 1 milhão de carros”. – disse o especialista ao jornal. – Veja em
Die Welt
O UPI – Instituto de Meio
Ambiente e Prognósticos da Alemanha – em tradução para o português – confirma a
posição do Greenpeace e cita como exemplo a Noruega, que é considerado o país
com maior número de veículos movidos a bateria por número de habitantes.
De acordo com a entidade
oficial, na Noruega, cresceu a demanda por carros elétricos e como resultado
houve uma queda de mais de 80% no uso dos transportes públicos para ir e voltar
ao trabalho e para as atividades educacionais.
Por causa disso, não houve
ganhos significativos na Noruega do ponto de vista ambiental e os
congestionamentos ficaram ainda maiores.
No caso específico da Europa,
um dos grandes problemas é a forma como a energia elétrica é gerada.
Segundo balanço do Ifeu –
Instituto de Pesquisa de Energia e Meio Ambiente, de Heidelberg, na Alemanha,
em estudo que teve início em 2011, o aumento da frota de veículos do transporte
individual movidos à eletricidade só vai transferir os impactos negativos
ambientais das ruas para as regiões das usinas.
Isso porque, em boa parte do
Continente, a eletricidade ainda é gerada a partir de combustíveis fósseis,
como queima de petróleo, gás natural e carvão.
Ainda segundo o levantamento,
para que um carro elétrico seja menos agressivo ao meio ambiente em comparação
a um carro convencional, é necessário percorrer no mínimo 100 mil quilômetros
com o veículo.
No caso de países cuja
eletricidade é originada em fontes renováveis, como o Brasil, a poluição zero
dos veículos de transporte individual elétricos só começaria a partir de 30 mil
quilômetros de uso.
Além da geração de energia
elétrica ter um impacto ambiental importante, outra preocupação demonstrada
pelo Greenpeace e pelos institutos internacionais de meio ambiente é sobre a
produção das baterias.
Neste caso, novamente os
estudos mostram que é mais vantajoso incentivar primeiro o ônibus elétrico que
o carro elétrico, no caso dos transportes sobre pneus. Isso porque a capacidade
de transporte do ônibus é bem superior à dos carros, com resultados financeiramente
e ambientalmente melhores no transporte coletivo do que no transporte
individual.
Ainda segundo o instituto
alemão, a produção de um quilowatt/hora de capacidade elétrica gera emissões de
125 quilos de gás carbônico. Uma bateria de 22 quilowatts/hora, como é
utilizada em alguns carros de passeio, pode representar a emissão anual de
quase três toneladas de dióxido de carbono, isso para atender no máximo quatro
pessoas por vez.
Já os ônibus possuem baterias
maiores, porém atendem uma quantidade muito superior de pessoas, até 100 em uma
viagem.
Na prática, é a mesma lógica
que já existe se comparado o ônibus a diesel com os carros movidos à gasolina.
O óleo diesel por si só polui mais que a gasolina, mas pela capacidade do
transporte de ônibus ser até 17 vezes maior, mesmo movido a diesel, um ônibus
traz vantagens ambientais ao substituir tantos carros nas ruas.
Os estudos de institutos
governamentais e acadêmicos e a conclusão do Greenpeace mostram que assim como
já ocorre em toda a mobilidade, com eletromobilidade não é diferente: os
investimentos, os incentivos fiscais e a prioridade devem ser para o transporte
coletivo.
A versão em português do jornal
traz mais dados sobre este tema tão importante: Deutsche Welle
Adamo Bazani,
jornalista especializado em transportes