Proposta desbancou VLP e modelo de cooperativa.
Agora, basta licitação para que o sistema saia do papel.
A prefeitura de Curitiba
aprovou num processo de PMI – Proposição de Manifestação de Interesse – da
iniciativa privada um novo modelo de transporte limpo para a capital paranaense
e parte da região metropolitana, que consiste numa rede de corredores de ônibus
BRT com veículos não poluentes e estações conectadas, algumas, inclusive,
subterrâneas, como as do metrô. O próximo passo para a proposta se tornar
realidade é a realização de uma licitação, o que ainda não tem data para
ocorrer.
Denominado de CIVI – City
Vehicle Interconnect, o projeto que deve contar com ônibus híbridos e,
posteriormente, elétricos puros é de iniciativa de um consórcio formado pela
Associação Metrocard, que reúne as empresas de ônibus da região metropolitana
de Curitiba, da Nórdica, representante da montadora Volvo, e pela construtora
Cesbe S.A. – Engenharia e Empreendimentos.
O procedimento de apresentação
de propostas foi lançado pela prefeitura de Curitiba em maio de 2016, e contou
com três projetos, o próprio CIVI, um VLP – Veículo Leve sobre Pneus, sugerido
pelo consórcio das empresas JMaluceli Construtora, M4 Consultoria e Pontoon
Participações, e uma proposta da Sociedade Peatonal, representada pelo
engenheiro André Caon, que contemplava uma espécie de cooperativa de ônibus
elétricos com baterias no trajeto entre a CIC e o Parque da Imigração Japonesa.
Os custos mais baixos, a
viabilidade de implantação e a extensão da malha foram decisivos para a
proposta do BRT limpo ser considerada vencedora. O projeto prevê uma rede de
cinco corredores que somam 106 quilômetros: Aeroporto/Centro Cívico;
Tamandaré/Cabral; Linha Verde; Araucária/Boqueirão, e Norte/Sul.
O sistema deve contar com
aproximadamente 300 estações de embarque e desembarque, todas conectadas por
cabos de fibra ótica. Os passageiros terão wi-fi, painéis com informações sobre
os horários e as linhas, além de ar-condicionado nos espaços. A rede deve ter
aplicativos de celulares específicos com informações em tempo real para os
passageiros sobre os serviços. Seis dessas estações devem ser subterrâneas, como
as do metrô.
De acordo com o presidente do
Conselho de Administração da Cesbe, Carlos de Loyola e Silva, em nota, o
desenvolvimento do projeto foi liderado pela Volvo, e, quando implementado,
requalificará Curitiba como exemplo de cidade sustentável.
“O aspecto que nos atraiu foi a
tecnologia proposta pela Volvo para esse tipo de projeto. O CIVI é um modelo
que não tem paralelo no mundo, além de atender às normas da Euro 6 de restrição
à poluição, com ônibus híbridos, incorpora conectividade, permitindo prever com
exatidão o horário de chegada do ônibus” – explicou.
O executivo complementou
dizendo que a solução terá baixo custo para os cofres públicos em comparação
com outros modais que têm capacidade semelhante de transportes. “Buscamos
oferecer uma solução econômica para Curitiba, com vantagens muito grandes para
o usuário, unindo funcionalidade e conforto”, afirmou Loyola.
O projeto foi apresentado na
FetransRio, feira de mobilidade urbana que ocorreu em novembro do ano passado,
no Rio de Janeiro, pela Volvo, e teve cobertura do Diário do Transporte. Na
ocasião, o especialista em mobilidade urbana da Volvo Bus Latin América, Ayrton
Amaral, que qualificou a ideia como evolução do BRT, explicou como devem ser as
estações subterrâneas, e disse que o sistema traz vantagens em comparação com
outros modelos.
“O conceito de parada seria
semelhante às estações de metrô, no entanto com menor profundidade: seis
metros, enquanto, em média, uma estação de metrô necessita de uma profundidade
de 15 metros. As estações seriam modernas, com fácil acesso, e na superfície da
área onde estariam as estações poderiam ser feitos bulevares para melhorar o
espaço urbano […]. É bem mais barato e viável que o VLT ou qualquer outro
sistema por apresentar mais capacidade, e poderia ser implantado em dois anos”.
Fonte: Adamo Banzani,
Blog do Onibus Brasil