A IvecoBus Experience, em Sete Lagoas, sede da empresa. Acessibilidade, segurança, automação e ônibus menos poluentes foram os principais temas de evento que reuniu a montadora, encarroçadoras, gestores públicos e a UFMG
As discussões no Brasil e em todo o mundo, em torno da mobilidade, apontam para questões que buscam achar alternativas para que os transportes sejam mais humanizados, eficientes, conectados, modernos, integrados, economicamente viáveis, acessíveis, inclusivos e menos poluentes.Uma das especulações, ou até mesmo um mito de futurologia, parece definitivamente ter sido afastada por especialistas de diversas áreas: que o ônibus já era ou é um modal do passado.
Por mais que possam (e devam) existir outros meios de transporte, o ônibus sempre continuará tendo um papel essencial para integrar as pessoas. Prova disso, são as conclusões de uma equipe multidisciplinar de especialistas que, em relatório publicado no último final de semana pelo Banco Mundial, coloca o ônibus na rota para a criação de cidades mais humanas e sustentáveis.
“É algo inédito que certamente dará muitos frutos. Sempre houve uma queixa por causa da separação entre o setor acadêmico e o mercado. Pretendemos, também de forma inédita, a partir desta experiência fazer um curso de design de transportes, para desenvolver soluções não apenas estéticas, mas funcionais para a mobilidade” – disse o professor do curso de arquitetura da UFMG, Leonardo Geraldo de Oliveira Gomes.
“Acessibilidade e respeito ao meio ambiente foram um dos principais aspectos ressaltados como soluções para os transportes no futuro das cidades. Os ônibus também serão conectados por diversos meios eletrônicos com os sistemas, com as ofertas de serviços e com as experiências pessoais de cada passageiro. O ônibus será um veículo de comunicação. Um receptor e um emissor de informações sobre as cidades” – contou o diretor de negócios da Iveco Bus para a América Latina, Humberto Spinetti.
O evento contou com um workshop que reuniu os alunos, professores, gestores públicos, encarroçadores, fornecedores de equipamentos e a Iveco.
Neste workshop foram criados cinco grupos para relacionarem tendências de design estético e funcional para ônibus rodoviários, ônibus urbanos, ônibus escolares, ônibus rurais e vans.
Em linhas gerais, em comum, todos os modelos concebidos na atividade são acessíveis e têm matriz energética que não dependem unicamente do óleo diesel.
Todos os esboços de projetos, uma miniatura de ônibus, um jornal local da data de ontem (08 de novembro de 2017), pen-drives com informações sobre o evento e uma foto com os participantes foram colocadas numa cápsula depositada numa urna concretada na entrada da fábrica de Sete Lagoas. Em 2030, a cápsula será reaberta para ver se as tendências apontadas pelo grupo estavam corretas e se o Brasil avançou ou não quanto à mobilidade.
Para o vice-presidente global da Iveco Bus, Sylvain Blaise, não é possível fazer uma comparação pura e simples entre os transportes no Brasil e na Europa e América do Norte, onde a marca tem forte presença, por causa das diferentes realidades operacionais, de infraestrutura e de financiamentos dos sistemas. Mas o executivo internacional destacou que o Brasil deveria aproveitar e criar melhor oportunidades e que, em alguns aspectos, hoje já poderia estar num nível semelhante de países desenvolvidos. Entre estes aspectos, segundo Blaise, estão os usos de fontes de energia alternativas ao diesel e a conectividade dos serviços.
“A Iveco acredita sim no trólebus, que evoluiu. É uma solução de mais de 100 anos que agora volta a ser considerada pelo mundo desenvolvido pelo baixo custo e sua modernização. Hoje os trólebus possuem baterias, que permitem que trafeguem por trechos de linhas (e não somente em casos de emergência) sem estarem conectados aos fios aéreos. Atualmente, a Iveco tem cerca de dois mil trólebus em circulação” – disse o vice-presidente global da Iveco Bus na coletiva.
UMA VAN REALMENTE PARA TODOS
Todo o sistema operacional para o motorista guiar o veículo foi desenvolvido pela multinacional italiana Kivi, que está instalada no Brasil há quase dois anos.
O diretor da unidade brasileira, Fábio Quintão, disse que a van não é necessariamente exclusiva para motoristas portadores de deficiências. Todos os sistemas acessíveis podem ser desativados caso o condutor não possua restrições severas de movimento.
A plataforma do banco do motorista é feita pela empresa Elevittá Elevadores, a mesma que fornece o dispositivo para a van Daily, o micro-ônibus em parceria com a Caio – Soul Class e para os ônibus de 17 toneladas ou mais.
Se fosse comercializado, hoje o veículo ficaria em média, de 20% a 30% mais caro que um Daily Elevitá com sistema apenas para passageiros.
Fonte: Diário do Transporte