Para
2017, empresa prevê ano desafiador, mas com retomada, principalmente no segundo
semestre por causa da economia e fatores específicos do mercado de ônibus
O mercado de ônibus como um todo no ano de 2016 registrou
baixa na produção e vendas por causa da crise econômica. Diante cenário, a
Marcopolo, empresa fabricante de carrocerias, anunciou que registrou números
considerados positivos. A companhia prevê uma situação melhor em 2017.
De acordo com os dados divulgados nesta
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017, os resultados do ano passado mostram que
o desempenho foi praticamente estável em relação a 2015.
A receita líquida consolidada foi de R$ 2,574
bilhões em 2016, contra R$ 2,739 bilhões, em 2015.Segundo a empresa, o mercado externo compensou a
retração das vendas no Brasil. O crescimento de 27,3% nas exportações e de 14,6%
nas vendas realizadas pelas unidades localizadas no exterior contribuíram para
compensar parcialmente a retração de 37,6% no mercado interno.
Houve um aumento significativo no lucro líquido que
passou de R$ 89,1 milhões em 2015 para R$ 222,5 milhões em 2016. Segundo a
Marcopolo, as negociações envolvendo a canadense New Flyer e a brasileira
Neobus contribuíram para o resultado que foi “positivamente impactado pela
alienação parcial, em setembro passado, de participação equivalente a 7,4% do
capital da companhia canadense New Flyer Industries. Os resultados da companhia
também foram afetados pela incorporação das operações da Neobus, realizada em
agosto de 2016, que reforçaram a posição de liderança da Marcopolo no mercado
brasileiro de ônibus.”
AÇÕES PARA ENFRENTAR A CRISE:
No comunicado ao mercado, divulgado nesta
quinta-feira, a Marcopolo atribui os resultados às medidas que adotou para
enfrentar os efeitos da crise econômica, entre elas, ajustes como a
flexibilização de jornada de trabalho logo no início de 2016 nas unidades de
Caxias do Sul, suspensão temporária dos contratos de trabalho (lay off) na
Marcopolo Rio, em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro; e a redução de despesas e
custos indiretos com o aumento da eficiência por meio de conceitos LEAN, além
de melhoria do capital de giro pela redução de estoques e recebíveis.
A Marcopolo também informou que se aproximar do
cliente também foi uma das ações tomadas. Por isso, segundo a empresa, a
iniciativa denominada Brasil Ponta a Ponta foi considerada importante. A ação
consistiu em visitas a clientes em todas as regiões do País, possibilitando o
fortalecimento da marca e do relacionamento com os frotistas. Também foi
implantado o projeto Negócio a Negócio (Unidade de Negócio Volare – minonibus),
focado na redução de estoques.
Como o mercado externo dava sinais de crescimento,
diferentemente do que ocorria com a realidade brasileira, a Marcopolo também
disse que tomou medidas que tiveram resultados positivos. Uma delas foi o
Conquest, que teve como foco as exportações, por intermédio do fortalecimento
da atuação nos mercados tradicionais da América Latina, da cobertura de novos mercados
e da ampliação do portfólio de clientes no exterior. No ano, foram visitados
mais de 65 países, que resultaram no incremento de 54,6% no volume físico
exportado (2.959 unidades contra 1.915, em 2015).Entre as unidades do exterior,
a Marcopolo destaca o desempenho de unidades no México e Polônia:
Nas unidades do exterior, a receita líquida da
Polomex, no México, e da Volgren, na Austrália, cresceu 28,0% e 13,3%,
respectivamente. O resultado alcançado pela unidade do México originou-se
principalmente da maior comercialização de ônibus rodoviários, por intermédio
de exportações a partir do Brasil, reflexo do novo modelo de negócio que
possibilita à operação mexicana montar ônibus com diferentes marcas de chassis.
Na unidade australiana, o crescimento da receita é decorrente do aumento de
10,1% de unidades físicas vendidas.
2017, REFROTA E ÔNIBUS ACESSÍVEIS:
No comunicado, a Marcopolo também traz perspectivas
para 2017. Segundo a fabricante de carrocerias de ônibus, o primeiro trimestre
ainda deve ser difícil, mas no segundo semestre deve haver uma retomada gradual
da demanda por ônibus.
Além de uma recuperação geral da economia, assuntos
diretamente relacionados aos segmentos variados de ônibus devem contribuir para
um crescimento.
A empresa destaca, por exemplo, o Refrota, que é um
programa de renovação de frota de ônibus urbanos anunciado pelo Governo Federal
que disponibiliza R$ 3 bilhões com recursos do FGTS para renovação dos veículos
desse tipo de serviço. Devem ser trocados em torno de 10 mil ônibus.
A obrigatoriedade de os ônibus rodoviários saírem
de fábricas a partir de julho com elevadores e não mais com as cadeiras
desconfortáveis de transbordo também deve contribuir para renovação de frota
desse segmento. Isso porque, para escapar provisoriamente da compra dos
veículos com elevadores, que são mais caros, os empresários devem antecipar as
aquisições de ônibus. Processo semelhante ocorreu entre 2012 e 2013, quando
entrou uma nova tecnologia de redução de poluição pelos motores a diesel (Euro
III para Euro V), que fez com que também houvesse antecipação das renovações e
frota.
A ANTT Agência Nacional de Transportes Terrestres,
para concessões rodoviárias, também determinou idade média dos ônibus de 8
anos, o que também obrigará a compra de novos veículos.
Apesar de a perspectiva para 2017 no mercado
interno ser melhor que 2016, a Marcopolo prevê que o mercado externo ainda
continuará atraente, por isso vai investir nas vendas e operações para o
exterior. Acompanhe a nota:
O início de 2017 sinaliza que será mais um ano
desafiador, especialmente no primeiro trimestre. A Marcopolo acredita na
retomada gradual da demanda por ônibus, a partir do segundo semestre, em função
de perspectivas mais otimistas quanto à atividade econômica no País,
relacionada a dados recentes de inflação e pela redução das taxas de juros.
A companhia segue engajada em sua estratégia de
redução de despesas e custos indiretos, do aumento da eficiência operacional
com a adoção dos conceitos LEAN, além da melhoria do capital de giro, pela
redução de estoques e recebíveis. Essas iniciativas se somam aos mecanismos de
redução do impacto da crise no quadro de colaboradores, adotados desde 2015,
incluindo férias seletivas, férias coletivas, feriados prolongados com
compensação de horas e flexibilização de jornada. Em janeiro de 2017, a
Marcopolo adotou férias coletivas nas unidades de Caxias do Sul. Na Marcopolo
Rio, em Duque de Caxias/RJ, além das férias coletivas em janeiro, adotou-se uma
flexibilização da jornada de trabalho de 4 dias em fevereiro.
A demanda doméstica no segmento de ônibus
rodoviários poderá ser incrementada pela regulamentação de acessibilidade, que
passa a exigir que novos veículos produzidos a partir de julho de 2017 sejam
equipados com elevadores, bem como pela obrigatoriedade de redução na idade média
da frota que, até o fim de 2017, deverá ser de oito anos.
No segmento de ônibus urbanos, o programa federal
Refrota poderá fomentar novos investimentos. O objetivo do programa é a
abertura de crédito no valor total de R$ 3 bilhões para a renovação de até 10
mil ônibus. Pedidos voltados à modernização da frota dos operadores municipais
também poderão alavancar vendas, após dois anos de retração.
A Marcopolo acredita na continuidade do desempenho
positivo das exportações e de suas operações localizadas no exterior, com a
manutenção dos clientes tradicionais e a prospecção de novos mercados. Seguirá
atuando fortemente no mercado externo e, para tanto, desde o início de
fevereiro promoveu uma reestruturação de sua área comercial – Mercado Externo,
integrando-a com a área de Negócios Internacionais. O objetivo é maximizar
negócios em todas as regiões e aperfeiçoar a integração entre as exportações a
partir do Brasil e as operações internacionais da empresa. A mudança facilitará
o desenvolvimento conjunto de mercados e produtos específicos para cada região
de atuação das unidades.
Por
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes